Como tratar constipação intestinal?

O que é a constipação intestinal?

A constipação é um sintoma e não uma doença. Significa que a defecação não é fácil ou regular. Isto pode significar ter intervalos maiores que três dias entre dejeções ou as fezes serem duras e difíceis de evacuar. Algumas pessoas constipadas têm dor ao evacuar e muitas vezes queixam-se de esforço excessivo, distensão abdominal, enfartamento, sensação de evacuação incompleta. Algumas pessoas pensam que estão constipadas se não evacuarem diariamente. No entanto, o trânsito intestinal normal pode variar entre três vezes por dia a uma vez de três em três dias consoante a pessoa.

Quem tem constipação intestinal?

Quase todas as pessoas têm constipação a dada altura da sua vida. É mais comum em mulheres e nos adultos em geral com mais de 65 anos. As mulheres grávidas podem ter constipação à medida que o trânsito intestinal se torna mais lento durante a gravidez. É também um problema comum após o parto ou cirurgia. Perceber as causas e a forma de prevenir e tratar a constipação ajudará a maioria das pessoas a alcançar alívio.

Constipação intestinal
Constipação intestinal

O que causa constipação intestinal?

Os nutrientes da comida terão sido absorvidos na parte superior do tubo digestivo, a maioria no intestino delgado, antes dos resíduos entrarem no cólon. À medida que os resíduos alimentares atravessam o cólon este absorve água e forma as fezes. Ondas de contrações musculares no cólon ocorrem ao longo do dia e empurram as fezes em direção ao recto. Quando as fezes alcançam o recto a maioria da água foi absorvida e as fezes devem estar moldadas, com forma de salsicha para serem facilmente eliminadas. Constipação ocorre quando o cólon absorve demasiada água ou quando as contrações são lentas ou ineficazes. Isto quer dizer que as fezes atravessam o cólon demasiado devagar e como resultado tornam-se duras e secas. Causas comuns de constipação:

•Refeições irregulares e com fibra insuficiente

•Falta de atividade física (especialmente nos idosos)

•Medicação

•Síndrome do Intestino Irritável

•Alterações na vida ou das rotinas, como gravidez, envelhecimento ou viagens

 •Ignorar a vontade de evacuar

•Desidratação

•Doenças ou condições específicas como acidente vascular cerebral – AVC (mais comum)

•Problemas do cólon e recto

•Problemas da função intestinal (constipação idiopática crónica)

Como se diagnostica a constipação intestinal?

A constipação pode geralmente ser diagnosticada com base nos seus sintomas e exame físico. O seu médico pode também usar os seguintes critérios como guia; a presença de quaisquer dois dos seguintes sintomas durante pelo menos 12 semanas (nem sempre consecutivas) nos 12 meses prévios à avaliação:

•menos de três defecações por semana

•esforço ao evacuar

•fezes duras

 •sensação de esvaziamento intestinal incompleto

 •sensação de bloqueio ou obstrução anorrectal

Para o diagnóstico e tratamento da maioria das pessoas a história clínica e exame físico serão suficientes. Deve mencionar a sua medicação regular uma vez que alguns medicamentos podem causar constipação. Pode ser necessário realizar um toque rectal como parte do exame físico. O toque rectal consiste na introdução de um dedo, com luva e lubrificado, no recto para identificar massas ou outras anomalias. Também permite pesquisar a presença de sangue nas fezes. A maioria das pessoas com constipação não precisam de muitos exames.

A sua realização depende da duração e gravidade dos sintomas, da idade, presença de sangue nas fezes, alteração recente do trânsito intestinal, perda de peso ou história familiar de cancro colorrectal. Os exames podem incluir análises ao sangue, radiografias, sigmoidoscopia, colonoscopia ou testes mais especializados (clister opaco, defecografia, estudo do tempo de trânsito cólico, teste de função anorrectal). O seu médico explicar-lhe-á o teste que achar indicado mas pode também ver o glossário de termos no final deste folheto.

Qual o tratamento para a constipação intestinal?

A maioria das pessoas trata a constipação em casa, sem recorrer a serviços de saúde. A auto-medicação com recurso a laxantes de acesso livre é a forma mais comum. Cerca de 725 milhões de dólares por ano são gastos em laxantes na América. É importante falar com o seu médico se o problema:

•é novo (isto é: uma mudança do deu padrão habitual)

•dura há mais de 3 semanas

•é grave

•está associado a outros sintomas preocupantes como presença de sangue, perda de peso, febre ou fraqueza

Tratamento comportamental

Alterar o estilo de vida Os intestinos estão mais ativos após as refeições, particularmente após o pequeno-almoço e esta é habitualmente a altura em que evacuar é mais fácil. Vá à casa de banho sempre que tiver a sensação de necessitar de evacuar. Não espere. Se ignorar os sinais do seu corpo estes tornam-se mais fracos ao longo do tempo. Preste atenção a estes sinais e permita-se tempo suficiente para evacuar. Uma bebida quente de manhã, como chá ou café, pode estimular as contrações do intestino bem como o exercício diário regular. Sentar de forma adequada na sanita A forma como se senta na sanita pode fazer grande diferença para facilitar o esvaziamento do intestino. A posição correta melhora o ângulo do recto, ajuda os músculos a trabalhar de forma eficiente e previne o esforço. Deve procurar por uma posição tipo “agachamento” usando a seguinte técnica:

•Sente-se confortavelmente na sanita com as pernas afastadas a uma largura superior à das ancas. • Coloque os pés num estrado com cerca de 20 cm de altura.

•Dobre-se para a frente e coloque os antebraços sobre as coxas.

•Relaxe e respire normalmente; não deve suster a respiração.

 •Aumente o perímetro abdominal ao projetar os músculos abdominais para fora.

 •Relaxe o ânus.

•Use os músculos abdominais como uma bomba, ao contrair empurrando com suavidade e firmeza para baixo e para trás em direção ao ânus.

•Não fique sentada mais de 10 minutos. Se não evacuar tente mais tarde.

Dieta

Comer regularmente e ingerir líquidos em quantidade adequada são os fatores mais importantes para manter uma boa função intestinal. Uma dieta com fibra suficiente (20 a 35 gramas por dia) ajuda o corpo a produzir fezes moldadas e moles. No entanto, algumas pessoas têm cólicas, distensão abdominal e flatulência se consumirem grandes quantidades de fibras. Tente aumentar as fibras da dieta usando mais fibra solúvel (fruta, vegetais e aveia) em vez de insolúvel (farelos).

Comece com pequenas quantidades e vá aumentando lentamente até que as fezes fiquem mais moles e as defecações mais frequentes. Um médico ou um dietista podem ajudar a planear uma dieta adequada. Ao ler a informação nutricional nas embalagens pode determinar a quantidade de fibra por dose. Alguns alimentos têm propriedades laxantes naturais como ameixas, figos, kiwis, alcaçuz e melaço. Adicionar sementes de linhaça moída à dieta pode ser benéfico ao melhorar a consistência das fezes, tornando- as mais fáceis de eliminar. As pessoas propensas a constipação devem limitar alimentos pobres ou sem fibra, como gelados, queijo, carne e alimentos processados. Para evitar desidratação e ajudar a evitar a constipação, beber 1,5 a 2l de água ou outros líquidos como sumos de fruta/ vegetais todos os dias.

Tratamento médico

 O tratamento da constipação depende da sua causa, gravidade e duração. Na maioria dos casos alterações alimentares e do estilo de vida ajudam a aliviar sintomas e prevenir recorrências. Se estas alterações simples não aliviam a sua constipação pode tentar os seguintes tratamentos. Fibras expansoras de volume São considerados os mais seguros, mas podem interferir com alguns medicamentos. Incluem preparados naturais e comerciais. Absorvem água no intestino e tornam as fezes mais moles. Devem ser tomados com bastante água ou podem causar obstrução.

Deve aumentar lentamente a dose de suplementos de fibras para prevenir distensão abdominal, flatulência e cólicas. Laxantes Em geral o uso de laxantes deve ser ocasional. O seu uso prolongado, em especial de laxantes estimulantes, pode levar a que o intestino deixe de ter uma resposta adequada. As pessoas dependentes de laxantes devem parar o seu uso de forma gradual. Na maior parte dos casos parar os laxantes restaura a capacidade natural de contração do cólon. Há uma grande variedade de laxantes para o tratamento da constipação. A escolha deve basear-se na sua forma de ação, na segurança do seu uso e na preferência do médico.

Outros tratamentos

Biofeedback é uma abordagem comportamental usada por terapeutas e envolve o uso de um sensor para monitorizar a atividade muscular, que é observada num écran de computador. Faz uma avaliação precisa da função muscular e o terapeuta pode ajudá-la a retreinar os músculos para controlar os movimentos intestinais. Pode ajudar algumas pessoas com constipação crónica grave que involuntariamente contraem (em vez de relaxarem) os músculos durante a defecação.

Cirurgia

Cirurgia pode ser usada para corrigir problemas anorrectais como prolapso rectal – situação em que a mucosa do recto prolapsa para fora do ânus. A remoção cirúrgica do cólon pode também ser uma opção em pessoas com sintomas graves causados por inércia cólica. No entanto, os benefícios desta cirurgia devem ser ponderados considerando as complicações possíveis, que incluem dor abdominal, diarreia e incontinência.

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